» » LEMBRA DELE? Ronaldo Luiz, campeão mundial em 92: 'Mudei a história do jogo'


Ex-zagueiro do São Paulo fala sobre as lesões que marcaram sua carreira e admite: ‘Lembram mais do lance do que meu nome

Ronaldo Luiz. Talvez pelo nome ele não seja reconhecido logo de cara. Mas se perguntar a um torcedor do Sao Paulo sobre o jogador que salvou uma bola em cima da linha na final do Mundial Interclubes de 1992, contra o Barcelona, ele certamente responderá na lata. Além do Tricolor paulista, o ex-zagueiro atuou em clubes como Cruzeiro, Vasco América-MG, mas nunca teve muito destaque. Sua carreira foi marcada por lesões e cinco cirurgias no joelho esquerdo. Uma delas para tentar consertar um erro médico cometido em uma das operações.

O Barcelona era o favorito naquela final e, logo aos 11 minutos de partida, o búlgaro Stoitchkov abriu o marcador para o time catalão encobrindo o goleiro Zetti. Porém, antes do intervalo, Muller cruzou a bola na área e Raí desviou de barriga empatando o jogo. Mas o lance que acabou marcando a carreira do lateral Ronaldo Luiz ocorreu aos 45 minutos da primeira etapa e mostrou que o dia era mesmo do Tricolor. O São Paulo conquistou a virada e o seu primeiro Mundial Interclubes sobre o “imbatível” Barcelona com mais um gol de Raí, que cobrou falta no ângulo de Zubizarreta



O jogo estava muito difícil, ainda mais com aquele timaço que o Barcelona sempre teve. Aos 45 do primeiro tempo, Beguiristain dominou a bola, e no que ele tirou do Vítor (lateral-direito), o Zetti saiu automaticamente do gol, eu corri e ele chutou. Deus me colocou naquele lugar e eu mudei a história do jogo. Depois o Pintado veio e deu um bico na bola, que foi lá para a arquibancada. Ele começou a gritar: “Esse jogo está para nós”. Durante o intervalo, Telê nem falou muito. Só pediu que a gente não desse bobeira e que sairíamos de lá campeões mundiais. Até hoje os torcedores lembram de mim como o cara que tirou a bola de cima da linha e salvou o time. Lembram mais do lance do que do meu nome - admitiu.

O ex-lateral são-paulino não é diferente dos demais jogadores que passaram pela "Era Telê" e também demonstra muita gratidão ao Mestre. Ronaldo foi contratado do América-MG a pedido do treinador e chegou a ser sondado por alguns clubes europeus, mas o comandante do Tricolor queria que o atleta continuasse no elenco:

- Telê foi como um pai para mim. Ele gostava muito do meu trabalho, e quando eu recebia propostas para atuar fora, não me liberava. Telê me trouxe do América mineiro, e ser avaliado e comandado por ele só aumentou minha responsabilidade. Eu acho que ele foi a pessoa que Deus usou para me abençoar.


Erro médico e restos cirúrgicos após retirada do menisco



Antes de chegar ao clube do Morumbi, em 1991, Ronaldo Luiz defendeu o time mineiro por três anos. E foi lá onde começou seu histórico de lesões, com as duas primeiras das cinco cirurgias que sofreu no joelho esquerdo. Aos 22 anos, Ronaldo já havia sido submetido a duas operações e, por ser jovem e ainda no início da carreira, o ex-lateral confessou que teve medo de parar de jogar.

- Naquela época a medicina não era tão avançada e o médico do América era um torcedor do time, que ajudava na nossa recuperação. Nunca havia acontecido algo tão sério com alguém do clube.

Precisei operar o menisco e então chamaram o médico da seleção mineira, que fez a cirurgia. Dois meses depois, ele recebeu uma proposta e foi para o Qatar. Fiz novos exames e foi constatado que havia restos cirúrgicos no meu joelho. Contei a história ao médico do clube e ele disse que a única saída era fazer uma nova operação. Cheguei a pensar que minha carreira seria encerrada ali. Só voltei a jogar em 1989.


Após a conquista do Mundial, Ronaldo Luiz permaneceu no São Paulo até 1995, quando foi dispensado pela diretoria. Neste período, ele atravessou uma das piores fases de sua trajetória. Teve de lidar com a fama de “chinelinho” e com as duras críticas:

- O São Paulo foi um presente na minha vida. Não tenho do que reclamar do clube, pois foi lá onde consegui visibilidade. Porém, fui perseguido por lesões, não tive tanta sorte. Eu abria os jornais pela manhã e lá estava dizendo que eu era um “canela de vidro”, que estava tirando férias no departamento médico. Eu tentava não dar atenção para que aquilo não me atingisse.

Segundo Ronaldo Luiz, mesmo com todos os problemas de lesões e ataques por parte da imprensa e de outras pessoas, ele continuava tranquilo e sorrindo. Por isso, para piorar, começaram a pensar que ele estava ficando louco. Em 1995, o time estava passando por uma renovação no elenco e o conselheiro vitalício do clube Julio Brizola disse a Ronaldo que ele estaria fora do grupo.

- Chegaram a falar que eu estava roubando o time, por causa do prejuízo que eu dava. Como eu andava sorrindo e feliz pelos cantos, porque acreditava na minha cura, todo mundo começou a achar que estava ficando maluco da cabeça. Cogitaram até contratar um psicólogo para me ajudar, mas não aconteceu. A imprensa e todo mundo tirava sarro de mim por isso. Fui mandado embora no ano de 95.


Projetos após a aposentadoria


Em 2002, o ex-zagueiro virou pastor e ajudou a desenvolver um programa social para 92 crianças de seis até 14 anos de idade, na região de Contagem (MG). A condição para fazer parte do projeto é estar matriculado na escola.



- Tornei-me pastor e hoje sou administrador sócio-educacional. Trabalho com um projeto social chamado Curumim. Na verdade é mais para crianças carentes. Damos café-da-manhã, almoço, lanche e elas vão para a escola e depois voltam para suas casas.



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